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Bronzeamento artificial: o fenômeno que desperta o desejo de estar com a marquinha sempre em dia

Atualizado: 23 de jan. de 2023

Por Camila Lopes e Willyane Januário


Criado em 1999, o procedimento de bronzeamento artificial foi motivado por mulheres em Goiânia, pela falta de praia no Estado e principalmente pela timidez ao usar biquínis em áreas de lazer. O processo tornou-se conhecido pela técnica de fitagem com esparadrapo ou fita isolante, com o propósito de delinear a área a ser bronzeada para dar mais precisão à marquinha, diz Drica Estética e Bronze em uma entrevista ao site Maro Viana e ganhou repercussão nacional com o clipe “Vai, Malandra”, da cantora Anitta. Consequentemente, a estrela pop mundial foi a precursora na influência da construção das identidades sociais, fazendo com que o procedimento despertasse a atenção e interesse do público.


Há oito anos no mercado, Cristiane Ferreira revela que após o curso de bronzeamento artificial, a insegurança foi inevitável e passou um ano se adaptando ao método de fita. Seu treino inicial foi com o esparadrapo, mas algum tempo depois teve conhecimento da fita isolante. Inicialmente foi muito questionada se valeria a pena abrir um espaço de bronze em uma cidade praiana, mas apesar do que as pessoas falavam sobre sua escolha, a especialista pisou firme na decisão e enfatizou: "Meu coração dizia vá, é a sua cara!”


Naquele tempo a divulgação era um pouco mais difícil do que nos dias atuais. Os degraus foram árduos, mas muito satisfatórios para alcançar a estabilidade e consolidação no mercado, afinal, a fidelização de seus clientes inicialmente foi boca a boca e por indicações. Mais adiante outras mídias como Facebook, Instagram e WhatsApp deram um suporte maior ao empreendimento localizado na Travessa Industrial, 100 - Santa Lúcia, Maceió, Alagoas.


Cristiane Ferreira descobriu o método da fita em pesquisas na internet.

Após pesquisas na internet sobre o bronzeamento, a Personal Bronze encontrou o método de fita, mas ao perceber que o esparadrapo deixava muito resíduo de cola, decidiu fazer outra especialização com fita isolante e se adaptou ao material. Antes, existiam no máximo uns 05 modelos de fitas, mas após a repercussão desse novo empreendimento, as empresas começaram a produzir fitas personalizadas. Hoje, ela também conta com o apoio de uma máquina apropriada para cortar as fitas em diferentes tamanhos.


O espaço atende apenas o público feminino e transexual a partir de 18 anos de idade. As clientes entram em contato por meio do WhatsApp, Instagram e ligação, mas também é muito procurada pelo Google. Já pediram exceção para atender homens, mas estão fora de sua cogitação. A especialista, no entanto, diz que já atendeu clientes de 16 e 17 anos com a autorização do responsável, e até o momento a maior idade atendida foi uma senhora de 64 anos, que sempre relata que o espaço a faz relaxar e se sentir bem.


O processo para realizar o bronze acontece por ordem de chegada até às 10h da manhã. No entanto, a cliente chega, toma um banho para retirar os resíduos da pele, realiza o design do biquíni da sua preferência, passa o protetor solar no corpo inteiro, aplica o produto e fica 60 minutos de frente e de costas exposta ao sol, para o efeito perfeito. Ao terminar o procedimento, a cliente deve tomar outro banho, e é realizada uma hidratação na pele inteira.


Respeitando os biotipos


De acordo com a especialista, o tempo de exposição ao sol é o mesmo para todos os tipos de pele, mas destaca que o excesso ou falta de melanina podem interferir no processo de bronzeamento. Assim, cada pele reage de uma forma. Cristiane, inclusive, já teve clientes que após o procedimento não ficou com nenhuma marca, o que acontece muito com mulheres brancas pela falta de melanina, e mulheres negras possuem em excesso.


Os feedbacks que Cris Bronze recebe pelo seu trabalho são contínuos. Ela diz que as mulheres se sentem outras após o procedimento e ficam com a autoestima super elevada. Inclusive, já recebeu retorno de alguns esposos de suas clientes agradecendo por ela salvar seu casamento.


A alimentação rica em vitaminas possui toda relação com o bronzeamento artificial, pois além de ativar o processo da melanina, ajuda a deixar o bronze mais dourado, tornando-o duradouro na pele. A especialista indica uma boa alimentação e duração de sono de aproximadamente oito horas por dia para um bronze eficaz. O espaço também dá todo suporte com frutas, sucos de frutas e água para auxiliar no bem-estar da clientela. Ela afirma também que o procedimento permite que as mulheres percam medidas, pela liberação de suor.


Após o procedimento, a Personal Bronze recomenda que no dia seguinte, as clientes evitem tomar banho quente, ir à praia, piscina, estar exposta ao sol e fazer esfoliação na pele.


Para dar maior segurança ao trabalho, Cristiane Ferreira certifica-se que todos os produtos utilizados são autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo ela, os produtos bronzeiam hidratando a pele, por isso sempre faz uso de protetor solar em todo o corpo.


O bronze como um aspecto de padrão de beleza


A psicóloga Nathalie Milhaço Rocha, relata que ao pesquisar sobre bronzeamento artificial independente de corpo, percebeu que se trata muito de vaidade. “Esse culto pelo corpo, vaidade e elevação da autoestima, nada mais é do que eu conheço de mim, do mundo e do outro”, afirma ela.

Como profissional, o que lhe desperta a atenção são os riscos existentes na exposição ao sol e, principalmente, se os produtos utilizados são benéficos para a saúde do corpo. Em relação à saúde emocional, tem a questão de se achar bonita, pois o bronzeamento dá um charme.



Nathalie Rocha alerta que a compulsão pelo bronzeamento pode ser sinal de uma patologia.

Segundo Natalie, a alta procura pelo procedimento e a necessidade de estar sempre bronzeada está relacionada à existência de um transtorno psicológico chamado de Tanorexia. Apesar do sol ser importante para a saúde, essa compulsão por estar sempre bronzeado pode causar danos irreversíveis. Segundo ela, esse ato exacerbado se torna uma patologia preocupante, pois o vício é um excesso, e todo excesso causa um prejuízo.


Nathalie expõe o quanto a sociedade cobra um padrão de beleza e o quanto isso é sofrido. “Eu não sou o padrão de beleza que o mundo pede, mas eu me aceito como sou. Foi fácil? Não foi!”, diz ela. A psicóloga questiona se somente pessoas magras podem realizar o bronzeamento e as plus size não podem fazer por causa do corpo. Em sua visão, talvez muitas mulheres se privam por essas questões. “Às vezes muitas mulheres dizem: eu não vou à praia porque não tenho um corpo de praia. E qual é o copo de praia? É o meu!”, finaliza.


Nos dias atuais, a influência sobre o corpo, se dá muito por meio da globalização e modernização, especialmente das grandes marcas e sociedade que cobram um padrão ilusório, e leva as pessoas a desenvolverem alguns transtornos. Sem falar nos influencers, que só mostram um pedaço da perfeição e faz parecer que tudo é fácil, como por exemplo a marquinha, ou viver eternamente bronzeadas.


Bronze natural x bronze artificial


O bronze natural, por ser um método facilitador e acessível, também necessita de uma atenção especial para o tempo determinado que a pessoa ficará exposta ao sol, principalmente quanto aos produtos adequados que irão proporcionar um efeito eficaz e saudável à pele.


A estudante de Serviço Social Andréia Maria, relata que faz uso da técnica natural para adquirir a marquinha e toma alguns cuidados para expor sua pele ao sol, como o uso de protetor solar, bronzeador e parafina para ficar bronzeada. Segundo ela, acha muito bonito um bronze com rotina, mas não realiza o processo com frequência e confessa também nunca ter feito bronze de fita isolante, pois não acha bonito e prefere a marquinha com o biquíni normal. Para a estudante, uma alimentação rica agiliza o processo do bronze e sempre que fica muito exposta ao sol, toma um banho para retirar os resíduos dos produtos e hidrata a pele por completo.


O bronze artificial possui uma técnica consistente por meio da utilização de fita isolante, produtos bronzeadores e um preparo especial para atender o público que busca ativar a marquinha perfeita e se sentir bem com seu corpo e autoestima.


Cinthia Cavalcante realiza o bronze com fita isolante há mais de um ano e acredita que o procedimento melhorou sua autoestima, pois estimula o poder de sedução da mulher. Ela revela que a marquinha desperta em seu parceiro um desejo inexplicável. Para manter o bronze, Cinthia realiza uma sessão a cada 15 dias e expõe a importância da alimentação para o processo do bronze e sua duração eficaz. Afirma que o método em si não possibilita a descamação e após o procedimento, é importante tomar um banho com água gelada para refrescar, ingerir bastante líquidos e manter a pele hidratada.



Ivonisse Silva acredita que a busca pelo bronzeamento satisfaz mais ao público masculino.

Ao contrário de Andréia e Cinthia, a estudante de Letras, Ivonisse Silva, até tentou se submeter ao procedimento uma vez, utilizando os produtos adequados, mas não curtiu ficar exposta ao sol.

“Talvez um dia eu possa me aventurar, mas não é algo que tenho vontade de fazer no momento”, diz a estudante. Isso não a impede de ir à praia, porém sempre usando maiô para não expor a barriga e uma cicatriz resultado de uma cirurgia. Ivonisse revela que nunca se viu dentro daquele padrão, mas respeita quem faz. Para ela tudo são escolhas e o público que gosta da marquinha não é o feminino, mas sim o masculino. Sua percepção é de que as mulheres fazem bronzeamento artificial tanto pela autoestima quanto para chamar a atenção do público-alvo que são os homens, diz a estudante.


Infelizmente o trabalho estético de bronzeamento não é visto como uma profissão, afirma Cristiane. Seu maior desejo como profissional, é o reconhecimento em relação a seu trabalho e de tantos outros especialistas, afinal, não existe uma categoria ou sindicato para ampará-los.


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